segunda-feira, 28 de janeiro de 2008

mapas

uma das melhores descobertas em formato blog de partilha dos últimos meses (já tardia...mas premente), é esta pequena maravilha dedicada a cassetes de música africana. todas as edições que ouvi são recomendáveis, ainda assim (e sem as ter ouvido todas) destaco:

la grande vedette malienne kandja kouyaté et l'ensemble instrumental du mali - st

soterrados em reverb, os arranjos surreais elevam a música flutuante do ensemble para territórios de misticismo psicadélico.

mariam bagayogo - vol. 2

centrado em redor da instrumentação assombrada do balaphon, redescobre-se a hipnose da repetição que pode até evocar o minimalismo de steve reich.

nota pessoal: a partir de agora todas as minhas resenhas serão desprovidas de reticências desnecessárias

segunda-feira, 14 de janeiro de 2008

rir do medo ?

"dispersed royalty ornaments" tem vindo a tornar-se no álbum mais essencial dos skaters até à data...o que para uma banda cuja discografia passa já as duas dezenas de lançamentos é um factor a ter em conta...reminiscente da sua faixa no fantástico split que partilharam com axolotl...desta vez transportaram a escalada fantasmagórica pelo poço para os duas faixas que compoem o vinil de edição da wannabe rec...descarta o confronto patente noutros trabalhos onde se entregavam com maior incidência ao uso do ruído...para abraçar as toadas quase ritualista que marcavam alguns dos seus melhore momentos...não se depreenda no entanto que este suposto ritual assuma qualquer forma identificável com qualquer acto de devoção...pelo contrário o segredo reside mesmo numa tentativa de escapar a qualquer formatação que possa advir de projectos desta natureza...as sempre inventivas vozes (que são afinal a substância do duo) são pragmáticas desta recusa...em fuga constante da subtil percussão que não tem outro efeito senão uma existência fulcral como memória...tanto parecem embrenhar-se em espirais de sofrimento como divertir-se às custas do medo...obviamente que nos sentimos confusos quando dois pseudo-hippies obcecados com o horror se dão a tais manobras catárquicas mesmo sabendo de antemão que o rosto fechado que a sua música encerra nunca poderá ser levado a sério...mas mesmo assim o medo se esgueira...e raramente este se dá a conhecer de maneira tão frontal (consonante com essa mesma confusão de quem não sabe o que fazer...) como ao longo destes cerca de 40 minutos...ou como um sorriso pode ser tão assustador como um grito mais ainda é quando não sabemos aquilo que é...