mesmo

...em abono da verdade, muito mais (todas?) bandas deviam compreender as dinâmicas dos dire straits

passadeira II

uma vez que o tempo e a paciência não me têm permitido escrever mais frequentemente neste espaço, volto a deixar um mapa para uma resenha que fiz a closer to the cliff dos robedoor

2008 ainda não mostrou muita actividade no submundo, mas para já owl do steven r. smith é (de longe) o melhor álbum que ouvi em 2008. talvez escreva algumas linhas sobre ele entretanto.

passadeira

podem ler aqui a minha resenha a "it`s after dark" dos religious knives

como forma de tornar este espaço minimamente performante, passarei a deixar links de resenhas mais extensas escritas para outro(s) espaço(s) que de algum modo fariam sentido aqui.

mapas

uma das melhores descobertas em formato blog de partilha dos últimos meses (já tardia...mas premente), é esta pequena maravilha dedicada a cassetes de música africana. todas as edições que ouvi são recomendáveis, ainda assim (e sem as ter ouvido todas) destaco:

la grande vedette malienne kandja kouyaté et l'ensemble instrumental du mali - st

soterrados em reverb, os arranjos surreais elevam a música flutuante do ensemble para territórios de misticismo psicadélico.

mariam bagayogo - vol. 2

centrado em redor da instrumentação assombrada do balaphon, redescobre-se a hipnose da repetição que pode até evocar o minimalismo de steve reich.

nota pessoal: a partir de agora todas as minhas resenhas serão desprovidas de reticências desnecessárias

rir do medo ?

"dispersed royalty ornaments" tem vindo a tornar-se no álbum mais essencial dos skaters até à data...o que para uma banda cuja discografia passa já as duas dezenas de lançamentos é um factor a ter em conta...reminiscente da sua faixa no fantástico split que partilharam com axolotl...desta vez transportaram a escalada fantasmagórica pelo poço para os duas faixas que compoem o vinil de edição da wannabe rec...descarta o confronto patente noutros trabalhos onde se entregavam com maior incidência ao uso do ruído...para abraçar as toadas quase ritualista que marcavam alguns dos seus melhore momentos...não se depreenda no entanto que este suposto ritual assuma qualquer forma identificável com qualquer acto de devoção...pelo contrário o segredo reside mesmo numa tentativa de escapar a qualquer formatação que possa advir de projectos desta natureza...as sempre inventivas vozes (que são afinal a substância do duo) são pragmáticas desta recusa...em fuga constante da subtil percussão que não tem outro efeito senão uma existência fulcral como memória...tanto parecem embrenhar-se em espirais de sofrimento como divertir-se às custas do medo...obviamente que nos sentimos confusos quando dois pseudo-hippies obcecados com o horror se dão a tais manobras catárquicas mesmo sabendo de antemão que o rosto fechado que a sua música encerra nunca poderá ser levado a sério...mas mesmo assim o medo se esgueira...e raramente este se dá a conhecer de maneira tão frontal (consonante com essa mesma confusão de quem não sabe o que fazer...) como ao longo destes cerca de 40 minutos...ou como um sorriso pode ser tão assustador como um grito mais ainda é quando não sabemos aquilo que é...

dopo

reconhecendo o bom gosto que brad rose tem demonstrado ao longo destes últimos anos...a edição de "crossing birds" dos dopo pela sua foxglove é apenas mais uma prova do seu olhar atento...o segundo tomo deste ano do trio do porto é comparativamente a "for the entrance of the sun" mais apegado a um certo formalismo...sem que este seja de modo algum castrador...embora possa parecer paradoxal "crosing birds" consegue ser até mais expansivo do que a edição conjunta da lovers&lollypops com a test tube...mérito para um uso interessantíssimo do violino e das vozes que filtradas pela celestialidade do delay acarretam consigo um sentimento acolhedor evitando sempre a previsibilidade...crossing birds começa debaixo de água para vir à tona respirar de olho nas nuvens e anunciar a chegada da primavera em vozes infantis...em temas curtos o encanto dos dopo nunca se perde em devaneios inconsequentes típicos da malta dada à freakalhice...lights in shinjuku transporta a dolência de 17 ways to kill a man para o oriente em menos de 3 minutos...em sintonia com o épico voices of june...que recuperando o riff desértico o absorve no meio de vozes reminiscentes das últimas experiências de eric copeland ou dos double leopards menos alienados...ostentando sempre a marca de um final de tarde rural..."crossing birds" invoca lareiras, folhas, animais e linhas de ferro abandonadas...porque o espaço sideral pode apenas ser imaginado e aquilo que nos rodeia pode ser sempre passível de ser interpretado como belo...assim os dopo o quiseram e conseguiram...

none shall pass

simplesmente o melhor single de aesop rock...deixa (parcialmente) de lado a impenetrablidade tão característica do mc (que sabotou em parte "bazooka tooth")...sem que este abandone o seu flow característicamente obtuso...aqui servido por um instrumental riquíssimo (cortesia de blockhead) de batida funky e refrão soul em hélio...uma linha melódica tão idiota que se torna brilhante...e as subtis flautas de inspiração oriental que são já imagem de marca do produtor (conferir no brilhante "labor days")...argumentos fortes que me fizeram simplesmente ignorar a letra...serve na mesma...



...e o álbum tem também imensos motivos de interesse...apenas nenhum chega tão alto como este colosso...embora "bring back pluto" (título genial) e "the harbor is ours" não andem muito longe...